quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Rede de Contatos na Nova Igreja




por Alex Hershey

Antes de eu plantar uma igreja, eu pensava que você só tinha que se sentar em uma cafeteria e esperar que as pessoas se achegassem até você e dissessem: “eu preciso de Jesus”, e então elas seriam batizadas. Mas rapidamente eu percebi que se eu sentasse em uma cafeteria todos os dias, as pessoas iam apenas pensar que eu estava desempregado ou que era um designer gráfico.
Muitas vezes a necessidade de conhecermos novas pessoas surge pra nós, isso ocorreu quando estávamos na escola ou em um novo local de trabalho. Apesar de termos conhecido novas pessoas ao longo de toda nossa vida, conhecer novas pessoas é ainda uma das tarefas mais intimidantes que existe. Pode ser difícil e de alguma forma, nos obrigar a sermos pessoas que nós nunca fomos. Plantar uma igreja exige que você seja parte da vizinhança e da comunidade, constantemente encontrando-se com novas pessoas. A grande questão é descobrir como fazermos isso de uma forma em que não seja difícil para nós ou que não nos faça parecer estranhos.
Então, quando eu comecei a plantar uma igreja eu também iniciei uma jornada sobre como aprender a fazer novos relacionamentos.
Fazer novos contatos - network - é a arte de encontrar novas pessoas que possam conhecer quem você é e que percebam que você se importa com a vida da comunidade. Não é apenas sobre conhecer novas pessoas para convidá-las à igreja. Muitas vezes isso acontece, mas, em geral, você conhece pessoas que já estão conectadas a uma igreja ou que não tem desejo de pertencer a uma igreja, especialmente a sua. Quando eu comecei a fazer a rede de relacionamentos eu me senti grandemente desencorajado, porque tive a sensação de que todo mundo já estava indo à igreja e ficava imaginando qual era a necessidade de eu ficar lá tentando conhecê-las. Foi quando eu percebi que fazer uma rede de relacionamentos não tem apenas a ver com o convite, mas também em expandir o conhecimento sobre quem você é e que você se importa com a comunidade, com isso, eu acabei me apaixonando por fazer novos relacionamentos, e mais importante, por aquelas pessoas.
Frequentemente eu digo que algumas das pessoas que são os meus melhores apoiadores, que convidam e recomendam a igreja a outras pessoas, nunca estiveram, e talvez nunca estarão lá. Mas desde que nos conectamos com nossa comunidade e formamos um grupo de amizades na qual existe confiança mútua, estas pessoas falarão para seus clientes, empregados e amigos para irem à igreja e verem se lá fará bem a elas.
O que eu tenho aprendido na plantação é que ela tem tudo a ver com conhecer novas pessoas e realmente as amar da forma como elas são. Conhecer pessoas da nossa comunidade, desde o diretor do hospital aos pequenos comerciantes, fará com que seus pés estejam às portas de alguém que Deus tem a intenção que você compartilhe sobre o amor e a graça de Jesus.
Fazer novos relacionamentos torna a comunidade o seu gabinete.
Comece por meio de ligações, e-mails, ou simplesmente pare no escritório de alguém e se apresente como o pastor de uma nova igreja na cidade. Pergunte sobre coisas simples como: “qual é sua parte favorita nesta cidade?” e “onde você vê que existem necessidades a serem atendidas?”
Com que você inicia? Os diretores das escolas tem contato com muitas pessoas da comunidade. A Câmara dos Dirigentes Logistas pode lhe informar quem são as pessoas ativas na comunidade. Todas as pessoas que foram eleitas estão sempre a procura de algo para fazer, então eles poderiam muito bem se encontrar com você.
Uma vez que você se encontrar com estas pessoas, vai ser como uma bola de neve, rapidamente mais e mais pessoas saberão quem você é. Em algumas semanas você comparecerá a reuniões públicas e em outras fará contato com pessoas que podem não ser muito simpáticas pelo Facebook. Mas não pare de estar na vizinhança andando na comunidade.
Todas as semanas você vai aprender mais sobre as pessoas que Deus está lhe chamando a servir e a compartilhar o amor e a graça de Cristo.
Enquanto conhece as pessoas você ficará impressionado com quem serão as pessoas que Deus vai colocar em seu caminho, e de como eles serão parte integrante da formação da nova igreja e celebrarão com você a nova vida em Cristo.
Os melhores lugares que eu achei para começar encontrar pessoas:
·         Câmera dos Dirigentes Logistas
·         Reuniões dos Conselhos Municipais
·         ONGs
·         Escolas (eventos esportivos, reuniões de conselho, etc)
·         Supermercados
·         Praças esportivas (futebol, basquete, etc)
Não tenha medo de olhar para as pessoas e convidá-las. Lembre-se: as pessoas estão apenas a um convite de terem suas vidas transformadas por Jesus.

Alex Hershey é pastor do The Branches, uma igreja plantada em Plainfield, Indiana – EUA. Ele é casado com Krista e eles têm 3 filhos: Elliott, Audrey e Elsie. Alex é pastor da Igreja Metodista Unida.
Tradução e Adaptação: Lucas Andrade Ribeiro
Extraído: http://churchplantercollective.seedbed.com/2015/09/09/networking-new-church/

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Da Célula à Igreja Local: Desafios & Perspectivas para a Plantação de Igrejas



por Douglas Bortone.

Plantar Igrejas relevantes é um desafio presente em nosso contexto brasileiro atual. As constantes transformações sociais do século XXI exigem cada vez mais uma proposta eclesiológica (a maneira em que a Igreja se organiza) capaz de responder os seus anseios, sem desprezar a essência do evangelho. Plantar Igrejas relevantes começa a partir do diálogo entre os desafios sociais e a missão de Deus para o mundo, fazendo com que este processo colabore com o crescimento integral da Igreja e principalmente, com o cumprimento da grande comissão. Sobre isso, Ronaldo Lidório afirma algo interessante:
Tenho argumento que o plantio de igrejas é peça fundamental na Missio Dei. Sem o plantio de novas igrejas o propósito de Deus não é realizado na terra. A transformação da sociedade na direção de Deus ocorre através da sua agência, a Igreja, e assim comunidades locais de convertidos são a maior expressão de sua presença e seu desejo transformador[1].

Nesse sentido, a Igreja cumpre o desafio que está proposto em Mateus 28.19: “fazer discípulos”. E             quando eu me envolvo com a sociedade e faço discípulos/as, ali eu começo a plantar uma Igreja relevante. Se entendemos o conceito de Igreja como uma “reunião” e “junção” de discípulos, logo, onde eu faço discípulos/as eu automaticamente posso iniciar um processo de plantação de Igrejas por meio da visão do discipulado.

Conhecer a comunidade é abrir caminho para ser aceito por ela, para criar condições e desenvolver simpatia e empatia. É tornar a igreja parte da comunidade, deixando de ser um corpo estranho. A Igreja não está na comunidade só para cuidar dos seus fiéis. Ela está ali para trabalhar com toda a comunidade, para fazer com que todos ouçam, vejam, sintam e sejam alcançados pelo evangelho.[2]

O primeiro desafio é a oração. Certeza vez ouvi dizer que: “uma visão sem oração é apenas uma ilusão”. De fato, se desejamos ver a nossa visão, seja ela qual for, se concretizando na terra precisamos investir tempo em oração. O êxito do nosso trabalho está na oração e não podemos negligencia-la.  Se a nossa visão é plantar Igrejas, precisamos gerar primeiramente no mundo espiritual. Orar pela futura Igreja, orar pelas pessoas, orar pela cidade. Além disso “a oração e a semeadura abundante lhe indicarão por onde começar a fazer amizades e encontrar pessoas receptivas”[3].

A oração é uma ferramenta fascinante para a pessoa que deseja ministrar a outros. É uma das coisas mais simples que podemos fazer. Tudo que precisamos fazer é sentar (ou ajoelhar) e elevar alguém a presença de Deus. No entanto, a maioria de nós vai ter que admitir que a oração pelos outros é uma das coisas mais difíceis para se colocar em prática. Nós nos ocupamos demais. Nós nos distraímos demais. Ficamos desanimados e não oramos o suficiente[4]

O segundo desafio deste processo é trazer para perto os novos discípulos, frutos do cumprimento da grande comissão. A visão da “Igreja Multiplicadora[5]” define esse processo como: “Relacionamento Discipulado” – “o relacionamento intencional de um discípulo com outra pessoa visando torna-la outro discípulo”[6]. Após o contato pessoal e o interesse por parte do indivíduo, o “Relacionamento Discipulador” é essencial.  É o ponto chave que desencadeara no desenvolvimento da primeira célula, sendo esse fator principal para o seu desenvolvimento e crescimento até a sua multiplicação.
Uma das bases das Células é o desenvolvimento de relacionamentos que a compõe. O relacionamento discipulador, nesse sentido é que dará início a primeira célula. Sem os relacionamentos não será possível criar vínculos que sustente essa primeira etapa no processo de plantação de Igrejas. O plantador de Igreja deve ser alguém disposto a se envolver com a sociedade e a se relacionar com as diversas pessoas chaves para esse primeiro momento. Novamente, a visão da “Igreja Multiplicadora” afirma que:

O que difere o trabalho de plantação de uma nova Igreja do trabalho de “fazer discípulos” de uma igreja local é apenas a intencionalidade de estabelecer uma nova comunidade de discípulos em um determinado bairro ou cidade. Nesse desígnio, o plantador de igrejas não perderá nenhuma oportunidade de anunciar o evangelho a pessoas desconhecidas nas ruas, praças, de casa em casa, hospitais e escolas, buscando principalmente desenvolver relacionamentos com vizinhos e outras pessoas acessíveis[7]

Todos nós somos chamados para participar do projeto de Deus no mundo e a melhor maneira de participar é fazendo discípulos/as, transmitindo o evangelho e se comprometendo com a mudança do mundo. Estamos no mundo (a criação de Deus), mas não somos deste mundo (o sistema que o governa) e assim devemos “proclamar a Cristo até que ele venha: um chamado para toda a Igreja levar todo o evangelho a todo mundo[8]”.  Que o Senhor nos abençoe nesse desafio de plantar Igrejas e cumprir a plenitude da grande comissão.

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[1] LIDORIO, Ronaldo. Plantando Igrejas: Teologia Bíblica, Princípios e Estratégias de Plantio de Igrejas. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2007. Pp.43-44.
[2] BERNANDO, Salovi. MORAES, Luis Paulo de Lira (Organização). Ação Social da Igreja de Cristo. Rio de Janeiro: JUERP, 1998. P.37.
[3] BRANDÃO, Fernando. (Org.). Igreja Multiplicadora: 5 Princípios Bíblicos para o Crescimento. Rio de Janeiro, Convicção.p.103
[4] EARLEY, Dave. Oito hábitos do líder eficaz de grupos pequenos: Orientações para transformar seu ministério fora do encontro do grupo pequeno / célula. Curitiba, 2014. Editora Ministério Igreja em Células.
[5] BRANDÃO, Fernando. (Org.). Igreja Multiplicadora: 5 Princípios Bíblicos para o Crescimento. Rio de Janeiro, Convicção.
[6] Idem, p.72.
[7] Idem, p.103.
[8] PADILHA, René. O que é missão Integral?. Ultimato, 2009. p.39
[9] Plantação de Igrejas Através das Células no Contexto Urbano do Século XXI.  Trabalho de Conclusão de Curso: Douglas Bortone, Sávio Dias Barros de Oliveira e Tiago Roberto Ribeiro. UMESP, 2015.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

OS DEZ MAIORES ERROS QUE COMETI NA PLANTAÇÃO DE IGREJA



por Carolyn Moore


10) Eu pensava que as pessoas que me davam conselhos antes de eu iniciar o processo de plantação eram idiotas.
John Maxwell, no livro Os Dez Maiores erros que os Líderes Cometem diz que o principal erro da liderança é ter uma atitude de cima pra baixo. Ou seja, uma atitude autoritária, o que resulta em inabilidade para ouvir aos outros. Em última instância, isso tem a ver com orgulho. O que significa que o 10º erro é na verdade o 1º. Todos os meus maiores erros foram consequências do pecado do orgulho – a inabilidade de andar na qualidade cristã da humildade, compartilhando o poder e permitindo aos outros terem acesso a mim.
9) Eu pensava que as pessoas que me davam conselhos após eu começar a plantação eram brilhantes. E frequentemente eu avaliava meu trabalho baseado em como ele parecia bom (ou ruim) para elas.
Eu ficava ansiosa buscando exemplos de sucesso o que me trazia um constante senso de fracasso, à medida que eu me media pelas experiências deles. E eu fracassei muito por tentar ser como eles.
8) Eu negligenciei meu descanso, minha família e minha alma.
O descanso foi uma questão central para mim, sobretudo, no começo do processo. Sobre a família, se eu pudesse passar um conselho a esta nova geração de plantadores de igrejas eu diria: meça o quanto custa pra sua família o processo. É um sacrifício para eles, e se as coisas não estão bem agora, pode ser que este não seja o tempo de Deus.
7) Eu frequentemente fui tentada a sacrificar nossa visão de longo prazo pelos ganhos de curto prazo.
A plantação de igreja é uma aventura arriscada. É arriscada para você e para as pessoas que investem em sua visão. Esta é a natureza das coisas novas. Esse risco pode criar uma sensação de desespero, por vezes, que nos leva a sacrificar a visão de longo prazo para obter ganhos de curto prazo. Posso testemunhar que sempre que eu fiz isso, a igreja sofreu.
6) Eu fui muito dura comigo mesmo.
Jesus realmente quis dizer isso quando disse: “não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhe o Reino.” (Lucas 12.32) Se Ele lhe chamou, é porque Ele gosta de você, e vai usá-lo.
5) Eu frequentemente medi o meu sucesso ministerial baseada no meu humor.
Isso é só para pessoas que tem sentimentos muito fortes como eu. Eu tendo a julgar as coisas baseada em como me sinto sobre elas. Se você é assim, então a coisa mais importante que posso lhe dizer é: sentimentos não são a mesma coisa que fatos.
4) Eu confiei nos meus dons e habilidades, e esqueci do poder do Espírito Santo (ou não reconheci o poder de Deus quando ele estava bem na minha cara).
Certa vez Jesus disse aos fariseus que eles erravam porque não conheciam o poder de Deus. Todos meus medos irracionais e questionamentos ruins vieram da mesma ignorância.
3) Eu superestimei pessoas.
Não nomeie alguém para liderar que não entenda e viva a visão da igreja – incluindo a participação nos pequenos grupos, ser membro e dizimista.
2) Eu subestimei a natureza espiritual da plantação de igreja.
Ministério é um exercício espiritual, não um desempenho – um ato de obediência, não uma contagem. No campo espiritual existem batalhas. Se o seu objetivo como plantador de igreja é ganhar pessoas para Cristo, você entrará nesta batalha. Isso pode ser bem intenso.
1) Eu não passei tempo suficiente orando (Oswald Chambers diz que “orar é o trabalho”).
A maioria de meus principais erros aconteceram porque eu estava muito desesperada para ver algo acontecendo que eu não pude esperar o agir do Senhor. Mas esperar no Senhor é 90% do trabalho da plantação de uma igreja. Trata-se de planejamento, de previsões, de trabalhar, de insistir e dar tudo o que tem... então, esperar o tempo do Pai. Aprender a esperar no Senhor é a diferença entre o sucesso e a frustração no ministério.

Carolyn Moore é pastora e plantadora de igreja, sendo presbítera ordenada na Igreja Metodista Unida. Em 2003 plantou e pastoreia até hoje na cidade de Augusta, Geórgia/EUA a Mosaic United Methodist Church, que hoje conta com centenas de batismos e profissões de fé.
Tradução e Adaptação: Lucas Andrade Ribeiro

Extraído: http://churchplantercollective.seedbed.com/2015/07/15/top-ten-mistakes-ive-made-church-planter/